domingo, 30 de janeiro de 2011

1a. turma do curso de Testes no Pieron, em 2011...
meninas, foi um prazer estar trocando experiências com vocês!!!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Será que todo aluno inquieto, que “atrapalha” a aula e fala demais é portador de TDAH?

Não podemos fazer tal afirmação, pois para ser diagnosticada como uma criança com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é necessário que se tenha um laudo de um especialista psiquiatra ou neurologista infantil. Psicólogos e Psicopedagogos colaboram muito no processo da avaliação, mas o parecer final é do médico. Uma equipe multidisciplinar deve avaliar e acompanhar a criança portadora deste distúrbio de comportamento.

TDAH é um transtorno de causas neurobiológicas, que aparece na infância e normalmente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza pelos sintomas: desatenção, inquietude, hiperatividade e impulsividade.

Existem três subtipos:  
1) Predominantemente Desatento
2)  Desatento e Hiperativo – Tipo combinado
3)  Predominantemente Hiperativo e Impulsivo – TDAH-I

Crianças do subtipo Predominantemente Desatento, comumente são vistas como “desligadas, vivem no mundo da lua”, porém, não atrapalham a aula.

Nos outros dois subtipos, onde o “não parar quieto” predomina, essas crianças costumam incomodar os colegas e com freqüência são punidos por professores. Não seguem ordens, conversam em horas impróprias, não entregam tarefas, etc.

O prejuízo no contato social é evidente nos três subtipos.

Vale salientar que nem toda criança inquieta, agitada ou que fala muito tem TDAH, pois crianças ansiosas também apresentam estas mesmas características.

É importante que antes de rotular uma criança, por não parar quieta ou prestar atenção, se investigue as reais causas desta agitação e inquietude. Muitas vezes, estas características apresentadas inicialmente, podem ser um pedido de “socorro” para algo que não esteja bem com a própria criança ou no âmbito familiar. Como ainda não consegue dizer o que sente, a criança pequena atua no ambiente, muitas vezes de forma inadequada, para denunciar que algo não vai bem.   

Crianças com TDAH mostram-se inquietas e tem dificuldade de manter foco atencional, mesmo que o emocional esteja bem. Não "usam" tais características para chamar atenção. Há no lobo pré-frontal uma disfunção que causa o TDAH e não desenvolvem o transtorno, por conta de questões emocionais.
Se você, como eu, trabalha com crianças, no âmbito escolar e/ou institucional, procure maiores informações. Se atualize sobre o assunto. As crianças agradecem...

Renata de Jesus Alves. Professora Efetiva de Educação Física, do Fundamental I da Rede Pública Estadual de São Paulo. Pós-Graduanda em Psicopedagogia, pela Uninove.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Jogo, o Brinquedo e o Brincar


Luciana de Jesus Alves Davi

Podemos dizer que jogar e brincar são sinônimos? Dependendo de como são utilizadas as duas palavras, responderemos que sim. A criança durante uma determinada atividade, pode estar brincando e jogando. Muitas vezes relacionamos a palavra “brincar” a brincar de casinha, carrinho, fantoches. Já o “jogar” relacionamos a jogos de regras, tais como: xadrez, dominó, dama, futebol, entre outros.
Brincar e jogar são equivalentes porque trabalham no campo lúdico do desenvolvimento infantil e ambos possuem regras que podem estar claras (explícitas) ou subjacentes (implícitas). Pensemos no jogo de xadrez; as regras são claras. Já para brincar de casinha, as regras podem estar implícitas e também explícitas, pois a criança pode ter que organizar regras para poder montar o ambiente e ao mesmo tempo, discutir com os amigos quem vai ser o papai, a mamãe, a babá, o filhinho. Os papéis sociais estão subjacentes à regra do brincar de casinha.
O brinquedo é visto como o objeto destinado a divertir uma criança. Ele é o objeto concreto que faz a ponte entre o mundo interno da criança e o meio externo. Para nós educadores, o brinquedo não se restringe somente aos industrializados que encontramos em lojas revendedoras, mas qualquer objeto que a criança estabeleça uma relação direta. Freqüentemente, a criança pode brincar com seu lápis de escrever, fantasiando que este se transformou em um microfone e começa a cantar; o lápis, neste caso, não deixa de ser um brinquedo.
Na realidade é importante ressaltar que o jogo ou o brincar são extremamente importantes para o desenvolvimento infantil. Nós, os adultos, muitas vezes, chegamos a desvalorizar tais atividades infantis, acreditando que servem apenas para a distração e diversão das crianças. Porém, são essas atividades que facilitam o crescimento e, portanto, a saúde da criança.
O brincar conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação. Nesse brincar está a verbalização, o pensamento, o movimento e a conscientização corporal.
A brincadeira traz a oportunidade para o exercício da simbolização que é por sua vez uma característica humana.
A criança brinca para: buscar prazer, expressar a agressão, para controlar a ansiedade, para estabelecer contatos sociais, para realizar a integração da personalidade e, por fim, para comunicar-se com as pessoas. D. W. Winnicott via a brincadeira, como uma prova evidente e constante da capacidade criadora, que quer dizer de vivência.
Pode-se observar, que crianças que se desenvolvem em ambientes que pouco estimulam o lúdico, quando entram para a aprendizagem formal, encontram grandes dificuldades de adaptação não só no campo das relações como nos processos de assimilação/acomodação de conceitos mais formais ou organizados; sua capacidade criativa torna-se diminuída.
Quando nos referimos aos jogos, principalmente aos já mencionados, estamos também falando dos jogos de regras. Através deles, a criança tem contato com regras que devem ser seguidas, que são pré-estabelecidas e podem também junto com o grupo, questionar as mesmas e até modificá-las, desde que todos concordem. Com isso, estão trabalhando a socialização, o respeito à opinião dos demais, ou seja, as relações interpessoais.
Atualmente, o material de sucata é muito utilizado, principalmente com populações carentes, onde os recursos financeiros são baixos. Com esse material, as próprias crianças constroem brinquedos e jogos, sendo sempre estimuladas as atividades criativas. Percebemos que freqüentemente, os brinquedos comprados prontos acabam por entediar a criança, que muitas vezes apenas coloca uma pilha no mesmo e fica olhando, sem poder interagir e explorar o objeto.
Ao brincar ou jogar, a criança constrói conhecimento. Para isto uma das qualidades mais importantes do jogo é a confiança que a criança tem à própria capacidade de encontrar soluções. Confiante, pode chegar às suas próprias conclusões de forma autônoma.
Portanto, o ato de brincar é importante, é terapêutico, é prazeroso, e o prazer é ponto fundamental da essência do equilíbrio humano. Logo, podemos dizer que a ludicidade é uma necessidade interior, tanto da criança quanto do adulto. Por conseguinte a necessidade de brincar é inerente ao desenvolvimento.
No brincar ou jogar, quanto mais papéis a criança representar, mais amplia sua expressividade, entendida aqui como uma totalidade. A partir deles, ela constrói os conhecimentos através dos papéis que representa, amplia ao mesmo tempo dois vocabulários – o lingüístico e o psicomotor – além do ajustamento afetivo emocional.
O ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais. As atividades lúdicas devem visar a auto-imagem, a auto-estima, o auto conhecimento, a cooperação, porque estes conduzem à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a uma porção de vantagens que ajudam a mudar suas vidas, como crianças e como adultos. Sem eles a criança não irá desenvolver suficientemente as suas habilidades.
O modo como brincamos revela o nosso mundo interior, habilidades e desabilidades, proporcionando o aprender fazendo, entendido aqui por aquelas ações concretas de “fazer”. Por exemplo, quando brinca de mamãe e filhinho, a criança se apropria de algumas características desses personagens que são reais e os imita, ou seja, é a reprodução do meio em que a ela está inserida.
Podemos afirmar que a criança brinca desde os primeiros anos de vida. Primeiro ela começa a brincar com a descoberta de seu próprio corpo e do corpo da mãe, sendo que o objeto inicial percebido é o seio. Aos poucos e estando num ambiente suficientemente bom, ela passa a brincar e a interagir com outros objetos e pessoas, ampliando assim, o seu campo de relação com o mundo externo.
No brincar/jogar, ocorre o processo de troca, partilha, confronto e negociação, gerando momentos de desequilíbrio e equilíbrio, e proporcionando novas conquistas individuais e coletivas.
A criança que brinca, precisa ser respeitada, pois seu mundo é mutante, e está em permanente oscilação entre a fantasia e a realidade e isso é extremamente saudável.
Pena que no mundo dos adultos, o brincar se torne tão mais pobre, se bem que Winnicott já dizia que o brincar infantil prepara o indivíduo para o mundo do “trabalho adulto”.

Referências Bibliográficas
DIATKINE, & L. Significado e Função do Brinquedo na Criança. Por Alegre, Artes Médicas, 1988.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
WINNICOTT, D.W. A Criança e seu mundo. Rio de Janeiro, Zahar, 1982.
*** Texto produzido como referência para grupos de estudos e aulas ministradas no Instituto Pieron de Psicologia Aplicada, São Paulo.